
Sabe a coisa do tempo? Tenho organizado o ponteiro dos relógios para estes escritos, como uma saída para a saudade. Não tem funcionado muito bem, possivelmente pela relação ingrata que tenho com este “senhor de todas as coisas”. Mas de tudo o que rememoro, o que mais emoldura esta linha tênue da consciência sã, é a ausência.
Acredito que tenhas razões para acreditar que eu esteja afastado tempo demais para não me reconheceres como parte de ti e te sugiro o exercício do possível equívoco: estou em ti para o sempre, ad aeternum, porque aqui, em mim reside um coração que lapida todas as coisas neste peito, também, desde sempre.
Sabe? Nós, os adultos, somos feitos de coisas reais, entre estas, o sofrimento. Sim, é também da dor, que é feita a
estaca que impõe um quê de calor à emoção trazida à luz da idade. Se pareço, até aqui, um tanto prolixo, é que invento maneiras de ter algo que possa trazer-te magia, e de volta, pois, vive aqui este desejo e por isso, recorra à precisão do meu sentir, sinta…
Preciso de mais que um par de horas contigo. Venha me visitar mais vezes, neste peito meu, sei que é possível se assim desejares e tudo aqui remete ao desejo e, pela mesma razão, reconheço que precisavas que a nossa relação não fosse estimulada pela borda fria.
Tolice minha, mas fui forçado a pensar, por conta da velocidade dos dias, que precisavas recorrer, de quando em vez, de qualquer medida de afastamento, para que a tal “consciência” pudesse enfim, ser alimentada por tais “saudades”. Se estas, ainda estiverem aí, como estão aqui – e em caso positivo, te peço: não desista de habitar o que sempre foi a tua morada, pois te amo mais que tudo neste mundo, infância minha.
Belo texto Hang!
…a infância…
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