Uma entrevista em MasticadoresBrasil – Por João Maria

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Sou o João-Maria, de vinte-e-quatro anos, e vivo em Lisboa, Portugal, donde sou nativo. Publico em Inglês no (Caliath) e em Português no (Anabasis), e fui convidado, por gentileza do Jorge, a publicar nos MasticadoresBrasil (sendo que publicam na minha língua materna).

Qual a sua profissão?

Trabalho como auditor financeiro que, para além de ser um profundo aborrecimento, não se coaduna muito bem com a forma como interajo com o mundo; e estudo, concomitantemente, para Jornalismo (CdC) numa universidade em Lisboa. Tendo entrado primeira para a faculdade no zénite da Grande Recessão de 08’, o medo foi o elemento himenial que informou a minha decisão de não seguir, logo de imediato, os estudos jornalísticos, algo que agora pretendo compensar.

Como se aproximou da arte que desenvolve?

Nunca houve uma razão centralizada. Fui uma criança duma zona rural, perfundida de isolamentos e solidões, e acometida por fortes acessos introspectivos e neurasténicos, alguns por fontes genéticas. Incapaz de estabelecer grandes pórticos para o mundo dos entendimentos mútuos, virei-me para as sensações mais simples: o que tinha, o que co-existia no meu espaço. Os objectos, esses cuja infínda despretensão lhes permite a potencialidade da verdadeira força transfiguradora, tornaram-se os meus pontos de acesso a um mundo que me parecia — e ainda parece — uma máquina de alienabilidades.

De quais contextos brotam suas inspirações?

Apenas de outros produtos artísticos. Apenas sei criar num fio, ou seja, traduzir uma criação prévia com o meu próprio catálogo mitológico, cuja fundação me é inteiramente única e apenas aí, nessa tradução, reside a minha criatividade. Não consigo, portanto, olhar para um pato e produzir um poema. Consigo, no entanto, olhar para um quadro de um pato e, analisando a humanidade estática nos traços, ou a ilimitável linguagem abstrata nascida dos tons e dos contrastes, elucubrar uma versão minha nesse bolso-da-realidade. A Arte que se auto-regenera, suponho.

Em que cidade reside?

Lisboa, a cidade luminosa, dentre seus edifícios coloridos que me percorrem as pálpebras quando fecho os olhos. É uma cidade de poetas, mas nunca entendi porquê; apesar de tudo nela ser inspirador, tudo nela inspira que se faça, e não que se contemple. Agora é o reino das mariposas, até voltarem os chatos dos humanos.

9 comentários Adicione o seu

  1. jaldegundep disse:

    ¡Bem-vindo, João-Maria!

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  2. Bienvenido Joao Maria, con tiempo crearemos Masticadoresportugal. Saludos j.

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  3. hangferrero disse:

    “Agora é o reino das mariposas, até voltarem os chatos dos humanos”. Que sorte a tua nobre amigo rsrs; por aqui, não vemos as mariposas…

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    1. João-Maria disse:

      Acredite, agradeço muito a sorte que tenho, e desejo essa sorte a todos os brasileiros. Infelizmente, a vossa liderança aleija mais do que cura. Uma força enorme, Hang; a luta contra o COVID-19 não será a vossa última.

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  4. Adoro ler e imaginar os cenários de Portugal! Lembra as histórias de família que minha vó conta e meu amor à primeira vista por Lisboa. A cidade deve estar bem mais bonita e silenciosa sem os humanos.

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    1. João-Maria disse:

      Nicole, você tem o nome duma das nossas cidades mais belas, a líndissima Guimarães, Cidade-Mãe de Portucal. Tenho a certeza que, um dia, depois disto tudo, os cenários de Portugal não serão apenas uma imaginação. A sua visita será um prazer enorme. Obrigado por ter lido!

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      1. Olá, João! Sim, quero muito conhecer Guimarães. Já me falaram que realmente é muito bonita. A única cidade que visitei em Portugal foi Lisboa, é linda e me lembrou o Rio de Janeiro, minha cidade natal. Aliás, é um dos meus lugares preferidos da Europa!

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