Iminência – Por Odilon Machado de Lourenço

Iminência

Que não me falte elegância na hora do soco
A mão direita pesa e a esquerda é chumbo
Sinto acidez no estômago de muitas gentes
Um ácido agarrado às paredes da garganta
Estranho incômodo regurgitado pois não quer ser engolido
Que não me falte elegância na hora do soco
Um devaneio no poder vai massacrando
Vômito não basta para limpar entranhas
É preciso não comer o intragável pedaço de verme
Não comer nada!
Prioridade contrária do desempregado
Da mulher segurando as tetas nas bocas dos filhos
Daquele que não sabe o que fazer
Sobreviver é a lei em meio às feras
Nossa solidariedade não basta, apesar de existir
Que não me falte elegância na hora do soco.

Porto Alegre, 20 de junho de 2021.

3 Comentarios Agrega el tuyo

  1. hangferrero dice:

    Que não nos falte tal elegância nobre amigo. Belíssimo poema do nosso tempo.
    Abraço.

    Le gusta a 1 persona

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