
Uma das minhas certezas é que costumo me apaixonar por quem me faz escrever, ainda que esse caminho possa ser destrutivo. Mas não venho (desta vez) falar sobre a paixão ou a destruição. Quero dizer sobre o entre em que me coloco quando estou contigo. Encontro entre nós o gosto do risco e saboreio como água gelada quando há sede e calor. Hoje, estar contigo é me segurar ao presente. O passado nos constitui e conta histórias que transitam entre a angústia e nossos risos. O futuro não existe e nós nunca poderemos nos prender a ele. A gente nunca pensou juntos em ser um após. Nos resta ser o entre. É o nosso jeito mais saudável. A expectativa sempre foi nossa inimiga. Talvez seja por isso que nos damos tão bem em aproveitar o tempo que temos quando nos colocamos de frente, em aproveitar o riso e o gozo. Mas não estou aqui para me declarar a ti. Não sinto aquela paixão avassaladora que me tira o chão, o eixo e a fome mesmo que ainda esteja cercada pelas borboletas no estômago. Agora eu sinto mais paz e leveza. Descanso e respiro. Deixar de te esperar no amanhã tem sido a minha cura porque eu te encontro no mundo do possível e eu sei que nesse universo, a qualquer momento, poderemos nos distanciar novamente. ps: quero registrar também o quanto gosto de dormir contigo. A gente se encaixa bem e gostoso. Te abraçar e sentir teu corpo colado, tua bunda deliciosa, são tão bons quanto o calor dos teus braços ao meu redor e tuas mãos grudadas nas minhas.
Por Naomi Lustosa